13º Artigo - FMEA
Hoje, temos basicamente três tipos (aplicações) de FMEA:
FMEA DE PRODUTO: na qual são consideradas as falhas que poderão ocorrer com o produto dentro das especificações do projeto. O objetivo desta análise é evitar falhas no produto ou no processo decorrentes do projeto. É comumente denominada também de FMEA de projeto;
FMEA DE PROCESSO: são consideradas as falhas no planejamento e execução do processo, ou seja, o objetivo desta análise é evitar falhas do processo, tendo como base as não conformidades do produto com as especificações do projeto;
Há ainda um terceiro tipo, menos comum, que é o FMEA de procedimentos administrativos. Nele analisa-se as falhas potenciais de cada etapa do processo com o mesmo objetivo que as análises anteriores, ou seja, diminuir os riscos de falha.
Visa-se com a aplicação do FMEA:
· Diminuir a probabilidade da ocorrência de falhas em projetos de novos produtos ou processos;
· Diminuir a probabilidade de falhas potenciais (ou seja, que ainda não tenham ocorrido) em produtos/processos já em operação;
· Aumentar a confiabilidade de produtos ou processos já em operação por meio da análise das falhas que já ocorreram;
· Diminuir os riscos de erros e aumentar a qualidade em procedimentos administrativos.
A ferramenta FMEA é de suma importância para a detecção de falas em potencial, e podemos destacar:
· Uma forma sistemática de se catalogar informações sobre as falhas dos produtos/processos;
· Melhor conhecimento dos problemas nos produtos/processos;
· Ações de melhoria no projeto do produto/processo, baseado em dados e devidamente monitoradas (melhoria contínua);
· Diminuição de custos por meio da prevenção de ocorrência de falhas;
· O benefício de incorporar dentro da organização a atitude de prevenção de falhas, a atitude de cooperação e trabalho em equipe e a preocupação com a satisfação dos clientes.
· As etapas para aplicação do FMEA são:
Planejamento
Esta fase é realizada pelo responsável pela aplicação da metodologia e compreende:
· Descrição dos objetivos e abrangência da análise: em que identifica-se qual(ais) produto(s)/processo(s) será(ão) analisado(s);
· Formação dos grupos de trabalho: em que define-se os integrantes do grupo, que deve ser preferencialmente pequeno (entre 4 a 6 pessoas) e multidisciplinar (contando com pessoas de diversas áreas como qualidade, desenvolvimento e produção);
· Planejamento das reuniões: as reuniões devem ser agendadas com antecedência e com o consentimento de todos os participantes para evitar paralizações;
· Preparação da documentação.
Análise de falhas em potencial
Esta fase é realizada pelo grupo de trabalho que discute e preenche o formulário FMEA de acordo com os passos que seguem abaixo:
1 – função(ões) e característica(s) do produto/processo;
2 – tipo(s) de falha(s) potencial(is) para cada função;
3 – efeito(s) do tipo de falha;
4 – casua(s) possível(eis) de falha;
5 – controle(s) atual(is).
Avaliação dos riscos
Nesta fase são definidos pelo grupo os índices de severidade (S), ocorrência (O) e detecção (D) para cada causa de falha, de acordo com critérios previamente definidos (um exemplo de critérios que podem ser utilizados é apresentado nas tabelas abaixo, mas o ideal é que a empresa tenha os seus próprios critérios adaptados a sua realidade específica). Depois são calculados os coeficientes de prioridade de risco (R), por meio da multiplicação dos outros três índices.
SEVERIDADE (exemplo):
1 – mínima (o cliente mal percebe que a falha ocorre);
2 – pequena (ligeira deterioração no desempenho com leve descontentamento do cliente);
3 – moderada (deterioração significativa no desempenho de um sistema com descontentamento do cliente);
4 – alta (sistema deixa de funcionar e grande descontentamento do cliente;
5 – muito alta (idem ao anterior porém afeta a segurança.
OCORRENCIA (exemplo):
1 – remota (proporção 1:1.000.000);
2 – pequena (proporção de 1:20.000 até 1:4.000);
3 – moderada (proporção de 1:1.000 até 1:80);
4 – alta (proporção de 1:40 até 1:20);
5 – muito alta (proporção de 1:8 até 1:2).
DETECÇÃO
1 – muito grande (certamente será detectado);
2 – grande (grande probabilidade de ser detectado);
3 – moderada (provavelmente será detectado);
4 – pequena (provavelmente não será detectado);
5 – muito pequena (certamente não será detectado).
Melhoria
Nesta fase o grupo, utilizando os conhecimentos, criatividade e até mesmo outras técnicas como brainstorming, lista todas as ações que podem ser realizadas para diminuir os riscos. Estas medidas podem ser:
· Medidas de prevenção total ao tipo de falha;
· Medidas de prevenção total de uma causa de falha;
· Medidas que dificultam a ocorrência de falhas;
· Medidas que limitem o efeito do tipo de falha;
· Medidas que aumentam a probabilidade de detecção do tipo ou da causa de falha.
Continuidade
O formulário FMEA é um documento “vivo”, ou seja, uma vez realizada uma análise para um produto/processo qualquer, esta deve ser revisada sempre que ocorrerem alterações neste produto/processo específico. Além disso, mesmo que não haja alterações deve-se regularmente revisar a análise confrontando as falhas potenciais imaginadas pelo grupo com as que realmente vem ocorrendo no dia-a-dia do processo e uso do produto, de forma a permitir a incorporação de falhas não previstas, bem como a reavaliação, com base em dados objetivos, das falhas já previstas pelo grupo.